"ELA DEU MAIS DO QUE TODOS!" Lucas 21.1-4
Antes de fazer uma doação para a obra do Senhor, doe-se ao Senhor por inteiro.
(a) Tendo acabado de denunciar a hipocrisia dos escribas (20.45–47), Jesus prossegue revelando a sinceridade de uma certa viúva. Põe em contraste a religião genuína com a religião fingida dos intérpretes da lei. (b) De igual importância: Jesus acabava de denunciar os escribas por “devorarem as casas das viúvas” (20.47). Agora, com seu próprio exemplo, mostra como as viúvas devem ser tratadas. A relação entre “viúvas” – “viúva pobre” (20.47; 21.2) não deve passar despercebida. Deve ter sido intencional. É preciso ajudar e consolar as viúvas, e quando possível devemos tomá-las como exemplos.
γαζοφυλακιον gazophulakion
de 1047 and 5438; n n
1) repositório de tesouro, especialmente do tesouro público;tesouro Usado para descrever os apartamentos construídos na área do templo, onde não somente as ofertas sagradas e coisas necessárias para o serviço eram mantidas, mas onde os sacerdotes, etc, residiam: Ne 13:7. Referência ao tesouro sagrado, onde, além do tesouro, também os registros públicos eram guardados, e os bens das viúvas e orfãos eram depositados. Josefo fala dos tesouros do pátio das mulheres do templo de Herodes. No N.T., “próximo ao tesouro” parece ser uma referência ao receptáculo mencionaddo pelos rabinos ao qual estavam ajustados treze baús ou caixas, i. e. trombetas, assim chamados por causa de sua forma, onde eram colocadas as contribuições feitas voluntariamente ou pagas anualmente pelos judeus para o serviço do templo e o sustento dos pobres.
Nas palavras de John Charles Ryle, “Jesus não leva em conta o total das ofertas que os homens dão; ele considera o grau de renúncia pessoal que está envolvido na contribuição ofertada”.
Uso grego comum. Essa palavra, que significa “viúva”, deriva de uma raiz que significa “desamparada” e pode, portanto, se referir a qualquer mulher sem marido. Mais tarde, encontramos também chḗros para “viúvo” Os verbos chēróō e chēreúō significam “enviuvar” e “tornar-se viúva”, e também encontramos o substantivo derivado chēreía, “viuvez”
Em Mc 12.40 e paralelos, Jesus assume a condenação profética de injustiças feitas a viúvas. Os escribas, que pretensamente ajudam as viúvas em seus direitos, cobram tão caro, que as viúvas acabam perdendo seus bens. Portanto, Jesus se apresenta como seu verdadeiro advogado. Em contraste com os escribas avarentos e os ricos ostentosos, temos a viúva pobre de Mc 12.41ss., que mostra sua confiante dedidação ao entregar todo o seu sustento, ainda que escasso.
Deveríamos dizer que ela poderia ter ficado com pelo menos uma dessas pequenas e finas moedas de cobre? Mas não, ela deu ambas. Aliás, ela, sabendo que Deus não falharia em relação a ela, sacrificou tudo. Essas duas moedas representavam tudo o que ela tinha para seu sustento.
A lição que ela nos ensina é a de uma total entrega a Deus e a sua causa.
A viúva pobre ofertou pela fé todo o seu sustento (para um dia). Sua confiança era maior que a preocupação com o futuro do templo e seu próprio futuro. Jesus valoriza o motivo, a característica e a finalidade do ato dela: o Senhor julga a ação com base no coração. Por essa razão a Sagrada Escritura relata muitas coisas que a história profana deixa de lado. Feitos heróicos e acontecimentos mundiais não são mencionados nos evangelhos, porém eles lembram do copo de água fresca, do donativo da viúva e do nardo de Maria.
Concluo com as palavras de David Neale:
A doação da viúva ao templo demonstra a economia na qual o reino de Jesus irá operar: o pobre, em vez do rico, será honrado; o impotente governará o poderoso; as mulheres fiéis envergonharão os homens gananciosos; os marginalizados suplantarão a elite religiosa; e as viúvas esquecidas terão o primeiro lugar. Alguém pode facilmente reler o Magnificat (1.46–56) e ver o espírito da oferta dessa mulher para o templo. Ali, a humilhação da serva é celebrada (1.48), a queda do soberbo é predita (1.51), a elevação do humilde é anunciada (1.52), a exaltação do faminto e o contrastante vazio do rico são declarados (1.53).